domingo, 25 de dezembro de 2011

BOLETIM DA ANPUH/RS

 
BE-ANPUH-RS 067-2011/2 – Enviado em 21 de dezembro de 2011

Saudações históricas!
É com grande satisfação que lhe enviamos mais uma edição de nosso Boletim Eletrônico.
Aqui você encontra os links para os últimos conteúdos publicados no site da ANPUH-RS.
Sabe de alguma notícia importante da área da História? Envie-nos para divulgação: clique aqui
.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  

CHAMADA DE ARTIGOS

A Revista PerCursos (ISSN 1984-7246), publicação semestral on-line em
*Open Access*, no sistema *ahead of print* e volume fechado, do Centro de
Ciências Humanas e da Educação, da Universidade do Estado de Santa Catarina

(UDESC) recebe colaborações, até 29 de fevereiro de 2012, para o próximo
Dossiê:
*"Ensino das Ciências Sociais em debate"* correspondente
ao volume 13, número 1, janeiro / junho de 2012. Também solicitamos
colaborações destinadas às seções "Artigos" e "Resenhas". Os interessados
encontrarão maiores informações no sítio eletrônico da Revista:
http://www.revistas.udesc.br/index.php/percursos
 



Revista Percursos

Dossiê: Ensino das ciências sociais em debate.

O próximo número da revista percursos será dedicado ao debate sobre a contribuição
das disciplinas das Ciências Sociais nos diferentes níveis de ensino (fundamental, médio e
superior). Pretende-se com isso proporcionar um balanço do papel que disciplinas presentes
em muitos currículos, tais como Sociologia e Antropologia, têm diante dos desafios da
sociedade contemporânea, em especial, da realidade brasileira. O debate sobre o tema tem
como referência o duplo desafio colocado para aqueles que atuam nas instituições de ensino,
ou seja: pretende-se uma discussão que contemple tanto a formação profissional como a
educação cidadã.

A questão assume, no presente, curiosos contornos, pois no momento em que
assistimos a redução de disciplinas da área das ciências sociais na grade curricular de muitos
cursos de graduação, presenciamos a instituição da obrigatoriedade do ensino de sociologia na
escola. Para aqueles que atuam nos cursos superiores, abre-se todo um leque de indagações:
o que é esperado pela sociedade dos futuros cientistas sociais? Quais os seus espaços de
atuação profissional? O que tem sido ensinado? Como historicamente se justificou a presença
de conteúdos das ciências sociais em muitos cursos de graduação? Qual a importância da
Sociologia para o futuro profissional e cidadão, que não será sociólogo, que atuará em outros
campos profissionais? Em que medida pode a Antropologia contribuir na atuação futura
daqueles que não serão antropólogos?

Por outro lado, se tomamos as próprias instituições de ensino como um microcosmo
político e locus da experiência de cidadania, outras perguntas se somam a este debate.
Refletir sobre o ensino das disciplinas de ciências sociais é também refletir sobre as
práticas sociais nas próprias instituições de ensino e o potencial de formação, informação e
instrumentalização que esses saberes representam para tais práticas dos sujeitos envolvidos,
notadamente, nossos estudantes.

Neste sentido, o dossiê aqui proposto pretende privilegiar a reflexão sobre o ensino
de Ciências Sociais na sua interface com discussões e pesquisas sobre temas contemporâneos
relacionados à educação no que diz respeito ao cotidiano escolar e universitário: violência
(incluindo suas representações mais midiáticas, como bulling e o cyberbulling), gênero,
sexualidade, movimento estudantil, entre outros. Tais questões estão diretamente
relacionadas às Ciências Sociais, e suas múltiplas abordagens, feitas a partir de diferentes
perspectivas disciplinares, podem contribuir não apenas para a compreensão teórica destes
fenômenos, mas também para a instrumentalização dos diferentes atores (professores,
estudantes, pais, agentes comunitários) envolvidos no processo pedagógico. O esforço de
reflexão acerca de como o ensino de das ciências sociais tem dialogado com o cotidiano
escolar e seus temas prementes parece ser mais do que justificado.

Focado nesse debate, o dossiê que propomos pretende contribuir na quebra do
habitual isolamento da atuação em sala de aula dos professores do campo das ciências sociais,
proporcionando o registro, o compartilhamento e troca de experiências, a crítica e as reflexões

didático-pedagógicas. Com isso, poderá conferir sentido a uma prática nem sempre
plenamente compreendida, inclusive por aqueles que nela atuam.

--
Revista PerCursos
Setor de Publicações
FAED/UDESC

VII COLÓQUIO INTERNACIONAL: MARX E ENGELS

Olá colegas,

Está aberta a chamada de trabalhos para o VII Colóquio Internacional Marx
Engels. O prazo das inscrições é 01 de fevereiro de 2012.

O VII Colóquio acontecerá entre 24 e 27 de julho de 2012, no Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e é promovido pelo Centro de
Estudos Marxistas - Cemarx.
Graduandos podem inscrever os seus trabalhos na modalidade "Pôsteres" e os
demais pesquisadores na modalidade "Comunicações".

As inscrições podem ser feitas pelo site: www.ifch.unicamp.br/cemarx
 


Participe e ajude a divulgar!


Abraços,
Direção do Cemarx



INFORMAÇÕES GERAIS PARA PARTICIPAÇÃO
O Colóquio Internacional Marx e Engels acolhe, fundamentalmente, dois
tipos de comunicações: as que tomam a teoria marxista como objeto de
pesquisa, seja para analisar essa teoria, criticá-la ou desenvolvê-la, e
as que utilizam o aparato conceitual do marxismo em pesquisas empíricas ou
teóricas que se enquadrem nos Grupos Temáticos do evento.
Ao realizar a inscrição, o(a) pesquisador(a) interessado(a) em participar
deverá indicar um Grupo Temático. Eventualmente, a Comissão Organizadora
do VII Colóquio Internacional Marx Engels poderá remanejar a distribuição
da proposta de um grupo para outro.

DATAS IMPORTANTES

De 10 outubro de 2011 a 01 fevereiro de 2012
Período para inscrições de comunicação, pôster e mesa redonda

Março de 2012
Divulgação dos trabalhos selecionados

15 de maio de 2012 *
Prazo para pagamento, via boleto bancário, das propostas aceitas de
comunicação, mesa redonda e pôster
* ATENÇÃO: as inscrições cujo pagamento não respeitar essa data terão seu
valor reajustado.

Os Grupos Temáticos do VII Colóquio são os seguintes:

GT 1 - A obra teórica de Marx. Exame crítico das obras de Marx e de
Engels. As polêmicas suscitadas pela obra teórica de Marx e Engels.

GT 2 - Os marxismos. Exame crítico das obras dos clássicos do marxismo dos
séculos XIX e XX. As correntes do pensamento marxista e suas
transformações. A obra teórica dos marxistas brasileiros e demais
latino-americanos. A questão da renovação e atualização do marxismo.

GT 3 - Marxismo e ciências humanas. Exame da presença do marxismo na
economia, na sociologia, na ciência política, na antropologia, na
história, na área de relações internacionais, na geografia, no serviço
social e no direito. Exame da crítica marxista das ciências humanas e das
contribuições das ciências humanas para o desenvolvimento do marxismo.
Polêmicas teóricas e desenvolvimentos conceituais do marxismo nessas áreas
de conhecimento. A presença do marxismo na universidade brasileira e
demais universidades latino-americanas.

GT 4 - Economia e política no capitalismo contemporâneo. Enfoque marxista
das transformações econômicas, políticas e sociais do capitalismo no final
do século XX e início do século XXI. Novos padrões de acumulação de
capital, nova fase do imperialismo, transformações do Estado e da
democracia capitalista. A situação dos países dominantes e dos países
dependentes. Brasil e América Latina. Capitalismo e ecologia.

GT 5 - Relações de classe no capitalismo contemporâneo. Enfoque marxista
das transformações ocorridas na estrutura de classes. Trabalhadores,
classe operária, ¿nova classe operária¿ e ¿classe média¿. A pequena
burguesia. O campesinato no capitalismo atual. O debate sobre o declínio
da polarização de classes no final do século XX e início do século XXI. As
classes trabalhadoras e os movimentos sociais e populares. A nova
configuração da burguesia. As classes sociais no Brasil e na América
Latina. O conceito marxista de classe social e de luta de classes face ao
capitalismo contemporâneo.

GT 6 - Trabalho e produção no capitalismo contemporâneo. Teoria social,
trabalho e produção. As concepções teóricas sobre o universo produtivo.
Processos de produção: processo de valorização e processo de trabalho.
Controle e gestão do processo de trabalho. Luta de classes na produção.
Precarização das condições de trabalho e emprego e requalificação da força
de trabalho. Teorias sobre a afirmação e recusa da centralidade do
trabalho. As novas formas de exploração do trabalho: trabalho imaterial,
trabalho informal, precário e informacional.

GT 7 - Educação, capitalismo e socialismo. As relações do sistema
educacional com o capitalismo da perspectiva marxista: formação da força
de trabalho; educação e classes sociais; ideologia e processo educacional;
política educacional. Análise marxista da educação no Brasil e na América
Latina. Os aparelhos culturais do capitalismo (universidades, centros de
pesquisa). Os centros culturais criados pelo movimento socialista. Análise
das experiências educacionais realizadas nas sociedades surgidas das
revoluções socialistas do século XX. A teoria marxista e a educação.

GT 8 - Cultura, capitalismo e socialismo. Capitalismo e produção cultural:
as novas tendências; as artes plásticas, a literatura e a indústria
cultural. Análise marxista da cultura no Brasil e na América Latina.
Cultura e socialismo: os movimentos culturais nas sociedades surgidas das
revoluções do século XX. O marxismo e a produção cultural.

GT 9 - Socialismo no século XXI. Análise marxista das revoluções do século
XX. A herança comunista e socialista dos séculos XIX e XX e o socialismo
do século XXI. Marxismo e socialismo. A questão da renovação do
socialismo. Teoria da transição ao socialismo. Trabalhadores e transição
socialista. Trunfos e obstáculos para a reconstrução do movimento
socialista no século XXI. Socialismo e ecologia.

MODALIDADES PARA INSCRIÇÃO DE TRABALHOS

 1. Comunicações
O texto da Comunicação deverá conter entre quinze e vinte e quatro mil
caracteres (contando espaço e notas), perfazendo um máximo de dez páginas,
em times new roman 12. As propostas de trabalho que ultrapassarem esse
limite não serão consideradas. Do texto, deverão constar: nome do evento,
o título do trabalho, o nome do(s) autor(es) e a sua(s) condição(ões)
(professor, pós-graduando ou pesquisador independente), GT a que se
destina. O texto do trabalho deve definir claramente o tema que será
examinado, a metodologia utilizada na pesquisa e apresentar as suas teses
e argumentos e explicitar o debate (teórico, historiográfico ou político)
no qual o trabalho se insere. Importante! Os textos devem seguir as normas
de citação (clique no link). Custo da inscrição: R$ 40,00

2.Mesas redondas
Uma Mesa redonda é composta de um conjunto de ao menos quatro comunicações
inscritas no âmbito de um GT. Um número reduzido de mesas redondas será
aceito, privilegiando nesta modalidade de inscrição propostas encaminhadas
por grupos, núcleos ou centros de pesquisa, bem como associações
científicas e culturais. As comunicações dos participantes da Mesa,
formatadas de acordo com o item anterior, deverão ser enviadas
conjuntamente, acompanhadas de uma breve justificativa da mesa. Cabe à
instituição proponente obter os recursos necessários à participação dos
componentes da Mesa. Custo da inscrição (por componente da Mesa): R$ 40,00

3. Pôsteres
O VII Colóquio Internacional Marx Engels está aberto à participação de
estudantes de graduação, que poderão apresentar trabalhos de pesquisa de
iniciação científica ou de conclusão de curso cujos temas se enquadrem em
um dos Grupos Temáticos do colóquio. O resumo do trabalho deverá conter de
três a cinco mil caracteres (contando espaço e notas) em times new roman
12. Do texto deverão constar o título do trabalho, o nome do autor e o
curso de graduação no qual ele está matriculado. O texto deve apresentar o
tema da pesquisa e as suas principais idéias e informações. Veja aqui as
instruções para confecção do pôster. Custo da inscrição: R$ 20,00

DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
As inscrições encerram-se no dia 01 de fevereiro de 2012. Os trabalhos
aceitos serão divulgados na página do Cemarx, conforme o cronograma
abaixo:
Março de 2012: comunicações e pôsteres
Março de 2012: mesas redondas
Os resultados serão divulgados ao menos três meses antes do início do
evento para que todos tenham tempo de solicitar financiamento às agências
de fomento e universidades, uma vez que o Cemarx não pode financiar os
participantes do evento.



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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

NOTA DE FALECIMENTO

A ANPUH informa, com pesar, o falecimento da Profa. Maria Yedda Leite Linhares, grande nome da nossa historiografia e formadora de muitas gerações de historiadores. Como homenagem, reproduzimos o texto do colega Francisco Carlos Teixeira da Silva, que certamente expressa os sentimentos daqueles que com ela conviveram e dos que aprenderam história do Brasil por meio de suas obras.
A Missa de Sétimo de Dia de nossa querida Professora Titular e Emérita da UFRJ, Maria Yedda Leite Linhares, será dia 5 de dezembro de 2011, no Mosteiro de São Bento, às 12:00 hs, no Rio de Janeiro.
 

Maria Yedda Leite Linhares - 1921/2011
Por Francisco Carlos Teixeira da Silva (Prof. Titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade do Brasil)

Maria Yedda Leite Linhares foi acima de tudo uma formadora de gente. Sua alegria, a grande satisfação, era ter em seu redor jovens com quem dialogasse - sempre de forma igual, buscando em cada  um deles, um talento, uma vocação.  Em torno de sua sala de aula e de seus gabinetes de pesquisas passaram gerações. A primeira delas com nomes como Arthur e Hugo Weiss, Valentina Rocha Lima, Francisco Falcon e Helena Lewin. A estes se agregou uma segunda turma, formada pelos jovens Ciro Cardoso, Barbara Levy, José Luis Werneck da Silva, Berenice Brandão. E então veio a vocação irresistível de participar, de viver no mundo, e fazer a mudança: as lutas políticas e sociais tomaram vulto: contra as oligarquias, contra os entreguistas, contra as burocracias e as velhas lideranças acadêmicas carcomidas. Sua integral participação nas lutas do seu tempo a levaria, em 1964, a viver a cada dia no coração da crise do Brasil moderno.
Contra todos os conselhos, inclusive do bom-senso e sabedoria do Dr. José Linhares, ou "o José" simplesmente, ela insistira. Não havia conserto, era da sua natureza. Nascera assim. Lá no Ceará, em 3 de novembro de 1921, nascera - para usar a expressão do poeta que ela tanto amaria - "gauche na vida".  Meninota, contra a vontade dos pais, colocara um imenso laço vermelho nos cabelos para ver a passagem das tropas revolucionárias que adentravam o Calçamento de Messejana para conquistar Fortaleza em 1930. Aí consolidara sua vocação: rebelde, teimosa, voluntariosa, humana e generosa.
Com a família, seguindo o rastro da crise mundial que derrubara os preços do algodão, mudou-se para Porto Alegre. Lá ficou pouco tempo. Sofreu uma infecção no ouvido, que mais tarde martirizaria a vida e a vaidade.   Mudaram-se para o Rio. Aqui, na capital federal, abriu-se o espaço e as redes sociais que permitiriam a Maria Yedda ser a mulher que marcou seu tempo. Autodidata, com uma letra incompreensível, adaptou-se mal ao colégio de freiras. Estudou ainda mais, em especial português - que se tornou uma obsessão e quase a nos rouba para o jornalismo - e história. Na maratona de educação alcançou o primeiro lugar, tendo como prêmio o único livro que jamais emprestou: a História Geral de Varnhagen.
A criação da UDF facilitou sua ascensão ao curso de "filosofia" - entendida bem mais como um curso humanista para a formação de professores. Lá conheceu os amigos que marcariam sua vida: o Dr. Anísio Teixeira, uma marca poderosa.  Com o Dr. Anísio apreendeu, e acreditou, por toda vida que somente a educação para todos, laica e pública, mudaria o país. Aí encontrou também seu amigo de vida, Darcy Ribeiro - o que não quer dizer, de forma alguma, que não brigassem como cão e gato. Conviveu como jovem estudante, em sala de aula ou em reuniões e debates, com homens como Hermes Lima, Brochado da Rocha, San Thiago Dantas - todos jovens professores e oponentes da ditadura varguista. Yedda ouvia, apreendia  e preparava-se também para participar.
Por fim assistiu a derrocada da UDF, o golpe do Estado Novo e a prisão de Pedro Ernesto e de seus jovens professores.
Sua excelência em português, já naquele momento conhecida de todos, a aproximou de uma severa senhora americana encarregada da formação de quadros do Dasp. Era a chegada da política de boa vizinhança. Maria Yedda foi para os Estados Unidos, jovem, corajosa e sozinha. Um fenômeno em sua época. Estudou no Barnard College, na Universidade de Columbia.
Nada seria igual depois disso. Creio que mesmo o amor, e gratidão, que viria a ter pela França, não igualariam jamais a admiração pelos Estados Unidos.  Sozinha, e precisando viver, tornou-se, ainda uma vez, professora de português para americanos e, depois, em inglês, locutora da rádio universitária.
Travou laços de amizade com uma geração de exilados da guerra civil espanhola, odiou Franco e ouviu os relatos das atrocidades dos fascismos em ascensão.  Conheceu a poesia americana, espanhola e a arte deslumbrante de um México insurgente. Amava Lorca. Freqüentou o Radio City Hall e apaixonou-se pelo jovem Frank Sinatra. O inglês tornou-se uma língua fluente, na qual amava dizer poesias. Todas modernas, nunca amou Shakespeare, mas ficaria para sempre fascinada pela sonoridade de Walt Whitman.
Então veio guerra e a decisão de voltar ao Brasil. Três dias de avião, porto por porto, até mesmo no Caribe com o piloto perseguindo um submarino alemão. O Rio mudara, o Brasil se cansava da ditadura nativa.  Voltava para universidade, agora a UB, a gloriosa universidade da qual seria a mais jovem mulher catedrática.
Travava amizade com Delgado de Carvalho, o decano da história moderna e contemporânea. Mais do que tudo: conhecia José, jovem rábula, que a traria, ainda mais, para o coração da crise, casando-se e convivendo com os atores do poder. Data daí a amizade e o respeito por Alzira Vargas - o que importava que fosse oposição, tratava-se de "Alzirinha", tão somente. Jamais esqueceria a desobediência do Comandante Amaral Peixoto, o pai da nossa "França Livre", Niterói!
Tornou-se fundadora da UNE e sua primeira diretora do "Departamento Cultural": o teatro, incluindo o jovem teatro negro, as revistas culturais e dos debates. Talvez fosse sempre isso do que Yedda mais gostava. O debate. Quente. Vivo. Múltiplo.  Formou-se a frente pela entrada do Brasil na guerra mundial. Lá estava ela, na primeira fila, de braços com Marighela! O escritório da Reuters, na Cinelândia, tornar-se-ia seu prórpio escritório, lendo em primeira mão os telegramas que relatavam a guerra. Tornar-se-ia, para sempre e do fundo do seu coração, botafoguense. Os chamados rapazes do Botafogo, com João Saldanha à frente, seriam parceiros de caminhadas na então estreita calçada de Copacabana.
O casamento deveria ter equilibrado sua vocação revolucionária, creio, contudo, que foi o Dr. José que se acostumou ao sobressalto. Aconselhava, pedia e sempre, sempre, punha-se ao seu lado. Em toda crise repetia a mesma coisa: "Minha filha, não diga nada, espere para ouvir..." Inútil, Yedda não era mulher de esperar. Agia. Muitas vezes na direção certa, guiada por seu instinto contrário a toda injustiça. Outras vezes era precipitada, nunca, contudo, injusta. No mais das vezes prejudicava a si mesma.
Do casamento teve Maria Teresa, "Teca", e José, "Zequinha"! Havia orgulho nos filhos, via-se neles, sentia por eles.  Uma das maiores revoltas foi vê-los envolvidos na insidiosa e malsã campanha da imprensa golpista nos idos de março de 1964. Creio também que ambos pagaram algum preço - o preço de serem filhos de Yedda, o preço das horas roubadas, o preço de partilhá-la com todos nós, comigo, com Ciro Cardoso e principalmente com Francisco Falcon. Temos que pedir perdão por isso, perdão por tê-la tanto tempo conosco! A tudo se juntava a presença de Yonne Leite, outro motivo de orgulho de Yedda, que a via, com tudo que isso encerra, bem mais como filha do que irmã.
Na casa, a velha Virgínia cuidava de todos, incluindo alimentar os famintos assistentes, como o insistente Falcon.
Vieram os concursos, provas, cerimônias, becas e arminhos. Substituía Delgado de Carvalho como catedrática: foi o dia que mais chorou na vida. Não queria a cátedra, ao menos não queria "aquela cátedra" - lutaria todo o resto de sua vida para mudar a universidade. Falcon seria seu principal companheiro de trabalho, de lealdade e de debates intelectuais. Livros inteiros eram lidos e resenhados pelo telefone, todas as noites.
Os tempos eram de chumbo, o ar era arenoso e o chão fugidio. Yedda namorava com o PCBR, respeitava e ouvi a Apolônio de Carvalho, tinha Renée como amiga. Apoiara o ministro da educação, assumia a direção da Radio MEC. Desesperada, sem tempo, negociando e montando uma equipe de trabalho, pediria a Eduardo Portella que escrevesse seu discurso de posse, dizendo pelo telefone o que queria dizer.  Ao seu lado estaria como fiél escudeira a nossa Sandra Ribeiro da Costa, forte, sem sutilezas e capaz de protegê-la, inclusive dela mesma.
Usou seu espaço para fazer cultura, afastou-se do ambiente malsão da FNFi daqueles dias. Adorava as óperas e a música erudita, da qual se tornou aficionada, muitas vezes tendo Ciro Cardoso como interlocutor. Só detestava o Bolero de Ravel. Deu a Roberto Carlos seu primeiro emprego no Rio, na própria rádio. Então vieram rostos novos, em especial Alberto Coelho, um amigo que será um consolo e uma fonte permanente de atualização e de novidades.
Então veio o pior: as forças alarmadas, como dizia "o José", tomaram o poder. A "Revolução Brasileira em curso", como diziam os amigos do ISEB, era feita de papel. As conseqüências seriam terríveis. Prisões, cassações, aposentadorias compulsórias. Maria Yedda seria inculpada em 11 IPMs; seria acusada na mídia, seria espezinhada por muitos. Pouco importava, sabia o que fazer.
Queria proteger amigos - advertia Falcon, em razão do projeto da história nova. Passaria uma temporada no exterior e por fim tomaria à frente da resistência. No apartamento da Cinco de Julho organizava-se a Passeata dos Cem Mil. Em fim, o ar tornou-se irrespirável. As prisões se sucederam...  Tirada do hospital foi levada para o 1º. RCC. Fernand Braudel e Jean-Paul Sartre escreveriam ao presidente-general exigindo sua liberdade.
O exílio seria na França. Primeiro Paris, onde encontraria Ciro Cardoso, e todos que estavam, e depois Toulouse-Le Mirail, onde Jacques Godechot e Bartolomé Benassar a aceitariam com carinho e respeito.  Travaria conhecimento e angariaria respeito de todos: Albert Soboul, o amigo Mauro.
Por fim, o casamento de Maria Teresa e o nascimento de Patrícia, a primeira neta seriam de mais. Forçava seu retorno, antes do decreto da anistia. A pressão seria tremenda, obrigando-a a um exílio interno, em Vassouras e impossibilitando toda pesquisa e docência em entidades públicas.
Com a volta reorganizavam-se as redes de sociabilidade, os amigos e os projetos. Em principio o CPDA, no Horto Florestal, depois a UFF e. em fim, o retorno à casa, a UFRJ. Formava-se em torno dela uma nova geração, dos quais João Fragoso e Hebe Mattos são os mais amados.
Em fim a redemocratização: Yedda ainda uma vez aceita os desafios. Primeiro é a secretaria municpal de educação, depois, por duas vezes, seria secretaria estadual de educação. Então, ao lado de Darcy Ribeiro, lançariam mão da herança do Dr. Anísio Teixeira. Os cieps, brizolões - a mais generosa e igualitária proposta de educação que o país produziu - é em verdade a versão moderna da escola-parque.
Outros amigos vieram: Laurinda, Lia Faria, Edilberto, Maria Lucia kamache - todos embalados pelo mesmo sonho: "A educação para todos, pública, laica e de qualidade. Ao seu lado, como amparo, crítico e amigo, teria a presença de Paulo Sérgio Duarte, mais um filho muito amado.
Isto é um pouco de Maria Yedda, só um pouco, porque tão poucas pessoas conseguiram em uma só vida viver tanto. Hoje não estou triste, não quero estar triste. Para Yedda tenho apenas uma lembrança, um título de Pablo Neruda: "confesso que vivi"!